domingo, 1 de fevereiro de 2015

ODIN SACRIFICA SEU OLHO


Boa noite amigos,

Hoje vamos conhecer mais sobre Odin, "O Pai de Todos". Este é o pai de Thor e amigo de Loki, e é um dos personajens mais conhecidos na atualidade!

Odin, Allfather (Pai de Todos), também conhecido como Wotan, é o Deus Supremo dos Deuses Aesir. Adota vários outros nomes durante suas aventuras e viagens, de acordo com o papel que vai desempenhar. É o Deus da vida e da morte, da guerra e da vitória, virá também, a ser soberano de vários outros atributos durante sua história.

É filho de Bor e a gigante Bestla e irmão de Vili e Vé. Os três irmãos formam a Tríade Divína que criaram o Universo suspenso em Yggdrasill, a Árvore da Vida. 
De longa cabeleira e barba grisalha, veste normalmente, uma capa com capuz de um azul índigo. Usa um anel (Draupnir) e uma lança (Gugnir), ambos objetos mágicos feitos pelos anões. É considerado uma figura misteriosa e paradoxal e falava somente em versos, usando belas e tocantes palavras.

Odin é um Deus misterioso, persuadia e seduzia a todos para atingir seus objetivos. Sábio, mas sempre ansiava por mais.




ODIN EM BUSCA DA SABEDORIA ANCESTRAL


Já passado algum tempo após a criação do Universo, Odin contempla os Nove Mundos de Yggdrasil. Olhando lá do céu, onde fica Ásgard, reflete sobre a responsabilidade que tem sobre o Universo criado. Sente-se despreparado para tão árdua tarefa. Coça sua barba, passa a mão pelos seus fartos cabelos grisalhos, anda de um lado para outro procurando, dentro de sua mente, por alguma solução. Terá de defender estes reinos do caos para perpetuar a ordem.

Então decide viajar até o submundo, até a Fonte de Mímir, cuja água detém o poder da sabedoria ancestral. Terá de descer pela Árvore da Vida, até a raiz onde fica Jotunheim, o Mundo dos Gigantes de Gelo e de lá, descer para a Fonte.
A procura de auxílio e companhia para viagem, escolhe dois corvos para sentarem em seus ombros. A um dá o nome de Huginn que significa pensamento e ao outro, Muninn, que significa memória. Ensina-os a voar a sua frente, reconhecer o caminho a ser tomado e avisá-lo de tudo que há e acontece neste trajeto.

"Huginn e Mininn voam a cada dia
Sobre a terra espaçosa.
Eu temo por Huginn,
Que ele não volte,
Ainda mais ansioso estou por Muninn."
                         Grimnismál (Edda Poética) 

Escolhe dois lobos, considerando que são animais com sentidos apurados e inteligência social. Uma vez que sua sobrevivência depende de quem os cerca, também se tornam criaturas protetoras. Figuras fiéis, guerreiras e heroicas que enxergam muito bem à noite, são uma opção perfeita como guias. Dá a eles o nome de Geri e Freki. Serão sua companhia e lutarão a seu lado em todas as batalhas. Odin admira sua bravura, sua determinação e como se movem silenciosamente pela paisagem. Lhes será muito grato pela sua fidelidade, e os alimentará melhor que a si mesmo.

Acostumado às batalhas,
O triunfante senhor dos exércitos,
Sacia Geri e Freki,
Mas  ele, o famoso nas armas,
Odin, vive apenas de vinho
          Grimnismál (Edda Poética)

Quer se manter incógnito e por isso escolhe um manto cinza com um capuz que lhe cobre a face e adota o nome de Ganglieri, que significa, o andarilho. Leva um odre de vinho para se alimentar e sua lança mágica Gugnir. Esta lança mágica forjada pelos anões, habilidosos com metais, jamais erra seus alvos. Sentindo-se pronto para viagem planejada, inicia sua jornada saindo no meio da noite.

Alcança a maravilhosa floresta que cerca Ásgard. A luz da lua lhe acompanha clareando seu caminho e silenciosamente agradece a Mani (Lua), olhando para o firmamento. Consegue ver nitidamente as árvores altas e frondosas, os animais que aí habitam e a relva fresca exala sob seus pés. Os pássaros lhe homenageiam com lindas melodias. Os animais espiam curiosos e lhe seguem com o olhar. Todos sabem que se trata de Allfather, o pai de todos.

A Ponte Bifrost, é uma ponte formada por um arco-íris que liga Ásgard a Midgard, o Mundo dos Humanos. Seu guardião é o Deus Heimdal. Este tem os ouvidos tão aguçados que conseguem ouvir a lã dos carneiros crescer. Usa uma corneta chamada Gjallarhorn, para avisar os Deuses de qualquer movimento nesta ponte. Mas para passar por ela despercebido, Odin se identifica e alerta Heimdall a não fazer alarde, invocando sua outra arte: a do silêncio. Então desce discretamente até Midgard.

Odin e assim iniciar sua incursão por ela, de cima para baixo. Porém ali encontra Erda a Mãe Terra. A guardiã de Midgard não está disposta a lhe dar passagem. Então senta-se sobre a relva, apanha seu odre de vinho, toma um gole, e oferece a Erda. Apresenta-se como Ganglieri, o andarilho, e inicia uma respeitosa e sedutora conversa em forma de versos:


"Formosa senhora,
De olhos e cabelos da cor desta Terra, 
Ouve os apelos do meu coração.

Venho de longe,

Estou em apuros,
Preciso penetrar este solo 
Descer e seguir
Ao mais profundo rincão.
Á mais profunda raiz,
No mundo dos sonhos escuros,
Abaixo do frio e das névoas,
A Fonte de Mímir procuro,
Além de Niflheim, 
Está meu destino."

- Descubra sua face, para que eu possa vê-lo, e me poupe de suas    mentiras, andarilho, homem de poucas verdades. Não tente me impressionar com poesias e fala mansa. Conheço o que está abaixo de meu reino e certamente a Fonte de Mímir, o Sábio, não fica nas profundezas de Niflheim. 


Sem jeito e envergonhado com seu descuido, Odin joga seu capuz para trás, deixando à vista seu cabelo que lhe cai até os ombros e sua barba grisalha. Leva o odre de vinho até a boca e bebe outro longo gole, oferecendo-o novamente à Erda que também o aprecia longamente.

- Vejo que mentira é seu nome Odin. Porque andas disfarçado?

"Bela e amável senhora,

Ando no anonimato, sim,
Afim de ver se está tudo como outrora
Quando criei o Universo sem fim.

Em verdade, à Jotunheim me dirijo,
O Mundo dos Gigantes do Gelo,
O manto é meu esconderijo,
Para não ter de fazer aos gigantes um apelo,
Pois inimigos dos Deuses, 
Me colocam em perigo.

Vou à procura de Mímir,

De sabedoria preciso,
Ouvir conselhos antes de ir,
De volta à Asgard indeciso."

Então Odin a coloca a par de seus propósitos e Erda meneia seus cabelos em sinal de compreensão e passando e vê-lo com outros olhos, ferece-lhe água doce. Encorajado ele sorri e seguem bebendo o vinho do odre do Deus. Admiram o Sol que se põe, lindo, no horizonte! O céu se tinge de várias cores. O entardecer cria uma atmosfera que os envolve em encanto. Inebriados com a doce paisagem e também sob efeito do bom vinho que saboreiam, rolam na relva envolvidos pela paixão do momento e se entregam ao amor.
Acordam felizes pela manhã. Erda lhe dá permissão para descer pelas raízes abaixo da Terra e lhe jura passagem segura no seu caminho de volta, e ele diz que espera ansioso por este momento.
Odin continua sua viagem e desce pelas raízes. Silenciosamente agradece a Sol, a guardiã do Astro Rei pelo espetáculo que lhes forneceu na entrada da noite anterior.
Chegando a Jotunheim, puxa novamente seu capuz para o rosto e passa pelos gigantes discretamente. Penetra o subterrâneo daquele mundo até chegar ao fundo da raíz e alcança a fonte, seu destino.
Mímir está sentado à beira da fonte, absorvido pela leitura de um de seus pergaminhos. Seu semblante sério e sábio é sereno. Sua figura é imponente, mas envolvedora e o visitante se aproxima confiante. Levanta a cabeça e surpreende-se com a inesperada presença do encapuzado andarilho.
Odin tira o capuz a fim de que o sábio Deus o reconheça e lhe fala:

"Ó soberano da fonte,
Venho por seu saber,
Desta nascente preciso beber,
De seus conselhos tenho necessidade,
Para a ordem manter.
A ameaça do caos é constante,
É sombrio o futuro dos Mundos.
De cada ser e todas mentes,
Dos falantes aos mudos,
A sede de poder os seduz."

Mímir observa a figura á sua frente. Um velho senhor de cabelo e barbas grisalhas, reconhece Odin, então fala:

- Senhor do Universo, seja bem-vindo à minha morada! Estou lisonjeado que venha a mim pela sabedoria ancestral! Posso lhe dar de beber da minha fonte, pois todos meus conselhos irás receber através de somente em um gole. Porém terás de me dar algo em troca, o sacrifício de sua dedicação, e assim provarás as boas intenções que tens. Se procuras por soluções para seus domínios, o preço não será alto.

"Que lhe posso oferecer,
em troca de tão valiosa bebida?
Nada trago para merecer,
tão única benesse, 
talvez necessitas receber,
algum favor em contrapartida?"

- Agradeço sua generosa oferta, demonstra confiança. Tu, “O Buscador”, centrado na sua realidade, propondo-se a mergulhar em seu interior para obter informações que auxiliem a transformação que virá com o conhecimento e os segredos dos Mundos. O preço para tudo isto deverá ser significativo. Em troca do que buscas deverás depositar no fundo da fonte, teu olho esquerdo, símbolo da razão e assim firmar um compromisso.

"Alto é seu preço, Mímir!
Porém não tenho escolha,
somente com sabedoria posso seguir,
de volta a Ásgard e de lá administrar,
a ordem para os mundos conseguir."

Odín lhe deposita seu olho esquerdo na Fonte Milagrosa. Com um gole apenas, desta água clara e límpida, absorve tanta sabedoria e poderes que passa a conhecer segredos inimagináveis antes detidos apenas por Mímir. E assim se despede:

"Sábio e poderoso Deus,
Com profunda gratidão me despeço,
Poderes levo para os céus,
De ignorância não mais padeço!"

Com uma reverência, despede-se, deixa o domínio de Mímir e inicia sua volta aos céus. Ali doa-se em sacrifício ao Universo e se pendura em uma raiz de Iggdrasil. Permanece suspenso, enforcado, por nove dias e nove noites, imolando suas costas com sua lança. Dali visualiza, abaixo de si, as runas e ao lado um escudo brilhante, no qual escreve todos os sinais desta escritura sagrada que lhe foi presenteada.



“Suspenso na Árvore assolada pelo vento,
Durante nove dias e nove noites fiquei.
Trespassado por uma lança, uma oferenda para Odin,
Eu mesmo me sacrificando e oferecendo-me a mim.
Amarrado e suspenso estive naquela Árvore,
Cujas raízes têm uma origem desconhecida aos homens.
Ninguém me deu pão para comer,
Ninguém me deu algo para beber.
Ao espreitar as profundezas abaixo de mim,
Agarrei avidamente as runas,
E apossei-me delas, dando um grito feroz.
Depois caí perdendo os sentidos.
(...)
Bem-estar eu alcancei com as runas, sabedoria também.
Amadureci e alegrei-me com meu amadurecimento.
Cada palavra conduziu-me a novas palavras,
Cada ato proporcionou-me novos atos e escolhas.”
                                “ Havamal”, estrofes 138 e 139 – Edda Poética




                                                             Jera - a Runa de Odin

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